O filme produzido em 2014
e estreado no mesmo ano, foi dirigido por Wally Pfister, mesmo sendo fortemente
atacado por críticas e recebendo da Rotten Tomatoes 19%, onde o ápice é o 100%,
no “tomatomater”, o filme consegue envolver pelo assunto abordado: A
Inteligência Artificial, e o domínio do homem sobre a máquina ao ponto de se
tornar um deus. E que já foi cenário para inúmeros filmes, onde podemos
perceber essa relação de transferência de mente para computador no filme
Capitão América 2: Soldado Invernal. Onde o Dr. Zola consegue o mesmo feito,
que o personagem central do filme.
Os personagens centrais
são interpretados por Johnny Depp que faz Will Caster, um cientista que
acredita que o futuro está nas mãos dos computadores. Ao mesmo tempo, dentro
dessa realidade, um grupo de contrarrevolucionários faz o possível para impedir
que a ciência chegue a um estágio tão perigoso. Kate Mara interpreta uma das
pessoas que lutam contra esses avanços científicos. Já Paul Bettany é Max
Waters, outro cientista, amigo de Will, mas um sujeito preocupado com esses
experimentos, que já estão em fase muito avançada.
Esse filme traz como
personagem central Will Caster e sua esposa Evelyn Caster, esse casal é voltado
ao estudo de tecnologias e avanço da Inteligência Artificial. Caster é um
neurocientista especializado em inteligência artificial brilhante e renomado
pesquisador no campo em que atua, onde trabalha possui como objetivo criar o
primeiro robô com inteligência e sentimentos totalmente humano.
Logo no início do filme,
Will é confrontado por uma plateia numa palestra a respeito de possibilidades
de mudar o mundo através da tecnologia, onde a criação de um computador
autoconsciente que atravessaria a fronteira entre o homem e a máquina. Acusado de
tentar criar um novo Deus, ele responde: “e não é isso que o homem sempre
tentou?”.
Durante esse evento, ele
é toma um tiro vindo de uma organização que luta contra esta evolução
científica. A bala continha uma substância radioativa tóxica e letal, ele foi
contaminado e morreria em pouco tempo. Diante da morte iminente, sua esposa e
pesquisadora Evelyn e Will decidem fazer um upload da sua consciência para o
banco de dados do gigantesco computador chamado P!NN (um mistura de computação
quântica e rede neural física e independente, projetada por Caster), que
manteria a sua consciência viva e preservada, de acordo com um estudo antigo
realizado por ele em um Chimpanzé.
Inicialmente o backup
parece mal sucedido, mas depois de um tempo, Evelyn e Max, percebem que a
máquina respondeu aos incentivos e, depois de alguns testes de personalidade,
observam que realmente se trata de Will Caster. Após a ousada operação, sua
consciência ressurge como uma espécie de cópia da sua alma e prontamente exige
um acesso super-rápido à Internet.
Mas o que ou quem é essa
nova entidade digital consciente? A reencarnação digital do amor perdido de
Evelyn? Ou uma entidade cada vez mais voraz, uma extensão tecnológica
distorcida das próprias ambições de Will Caster?
A partir daí as coisas
começam a ficar interessantes. Evelyn é cercada pela organização
anti-tecnologia e a máquina-marido a instiga a fugir e criar uma nova forma de
vida em um lugar longe dali.
Passam-se cinco anos de
intensas construções e investimentos até que o sistema é revelado e
pessoas da localidade com deficiências físicas como cegueira, surdez,
paralisia, entre outros, eram magicamente curados de suas deformidades se, em
troca disto, aceitassem viver “conectados” com o computador central.
Inicia-se a esperada revolução, mas não é bem assim.
Para que uma máquina com
consciência humana? ou seria realmente possível fazer um backup
humano de sentimentos e lembranças e depositá-los na rede com livre acesso?
Ou ainda mais poderia o ser humano criar uma nova forma de deus?
Esses questionamentos
aparecem naturalmente com o passar do filme e é uma das únicas coisas que
realmente interessaram, essa sensação de até onde a humanidade seria capaz de
chegar? Infelizmente não há um aprofundamento dessas questões porque o filme, apenas
passando a ideia de conceitos e diálogos infindáveis.
A grande virtude de Transcendence é
o problema do Poder a confluente entre Inteligência Artificial, neurociências e
computação. A grande questão da futura onisciência e onipresença de corporações
como Google e aquelas por trás do projeto da Internet das Coisas não é a do
Poder vulgar em conquistar mais dinheiro e controle político: é o Poder pelo
Poder, como jogo, vontade de potência em transcender os limites impostos pela
ética e moral humana representado pela superação do próprio corpo.
É a vontade que procura
expandir-se, superar-se, juntar-se a outras e se tornar maior. Tudo no mundo é
Vontade de Potência porque todas as forças procuram a sua própria expansão. A
vontade de dominar, fazer-se mais forte, constranger outras forças mais fracas
e assimilá-las.
A chave de compreensão do
filme Transcendence está na fala da consciência de Will Caster quando
desperta no interior de P!NN:
“Vou
precisar expandir. Preciso de mais energia. Preciso de um processador três
vezes mais rápido do que o sistema atual. Não consigo descrever, é como minha
mente estivesse livre. Precisam me colocar on line. Preciso acessar mercados
financeiros, banco de dados educacionais...”.